A DESINVENÇÃO DA ALFABETIZAÇÃO

inventar e desinventar

inventar e desinventar

Muita gente torce o nariz quando se fala em adotar princípios fonéticos para alfabetizar. Ora bolas, estamos cercados pela escrita! As crianças, em contato com as letras, acabam absorvendo o conhecimento e aprendem a ler e a escrever. Lêem globalmente, em grandes blocos.

Neste texto, Raquel propõem um resgate dos métodos de alfabetização, sem ignorar a importância do letramento. Confira.

A DESINVENÇÃO DA ALFABETIZAÇÃO

Raquel da Silva

O construtivismo trouxe grandes avanços nas práticas de alfabetização, mas… – sim, sempre existe um mas! – o conceito de alfabetização perdeu sua especificidade. Ganhou terreno o conceito de letramento. Por que isto aconteceu? A resposta encontra-se na própria teoria construtivista. Ela “desinventou” a alfabetização e esqueceu a importância do ensino direto, em parte porque se acreditou que os métodos de alfabetização eram incompatíveis com a teoria psicogenética.

Aprende a ler não “pega” como sarampo!

A teoria enfatizava que bastava expor a criança a diversos materiais escritos para que ela se alfabetizasse. O ensino do processo sistematizado do código escrito, das relações entre fonemas e grafemas para ler e escrever ficou em segundo plano, quando ficou! O resultado: fracasso na aprendizagem da língua escrita. Claro que não é o único fator que contribuiu para isto, mas com certeza contribuiu de forma significativa para o avanço deste problema.

Alfabetização x letramento

Alfabetizar, aqui, significa conhecer os princípios do sistema alfabético do português do Brasil. Letramento é o uso em práticas sociais de leitura e escrita. Os dois pólos são importantes, os dois precisam ser considerados no processo de ensino-aprendizagem da língua escrita, cada qual com sua especificidade. É fundamental articular várias facetas, desenvolver diferentes habilidades, para que a pessoa torne-se competente na leitura e na escrita.

Resgatando a especificidade da alfabetização

A busca da especificidade da alfabetização não implica em um retrocesso aos métodos tradicionais que se preocupavam exclusivamente com o domínio do código do sistema gráfico, eliminando a significação das palavras e privilegiando frases e textos sem sentido, artificiais, desarticulados de qualquer contexto lingüístico. Na verdade, o que se deseja é resgatar o ensino organizado, intencional e sistematizado da aprendizagem do sistema escrito na perspectiva do letramento: partindo de usos reais, motivadores, significativos e contextualizados, chega-se ao domínio dos princípios do sistema alfabético do português do Brasil